sábado, 10 de novembro de 2012


“Somos alienígenas”, me disse assim a sangue frio, sem qualquer chance de réplica. Me senti como o Bob Moore quando viu a bola passar entre as pernas naquele drible absurdo do Tostão, o mesmo do qual resultou um dos gols mais antológicos da história do futebol.
Conhecia o argumento e em outras ocasiões soube muito bem como interpretar e debater, e para que você possa acompanhar o meu raciocínio permita-me fazer algumas considerações:
- Aceitar a tese de que a vida veio de outros planetas não resolve de forma alguma a questão da sua origem: apenas a transfere para outro lugar.
- A discussão entre criacionistas e darwinanos somente mascara o ceticismo destes e o sectarismo daqueles: acreditar em uma força divina criadora não nos impede de querer aprender e compreender a obra de Deus.
- Não vivemos no mesmo mundo do que as pessoas do nosso bairro. Somos tão diferentes uns dos outros, que pelo menos metaforicamente devemos aceitar os diferentes mundos, e o fato de que as pessoas têm o direito de pensar de um modo desigual.
Para avançar neste último argumento vou contar um pequeno causo: Jogava WAR com os amigos de meu filho quando vi as mandingas de um dos meninos para ser bem sucedido nos lançamentos dos dados, e os comentários dos outros de que com a mandinga dele ninguém podia. Jogo WAR há anos e sempre encarei isto como um exercício de estratégia, combinada com alguma matemática e um dedinho de pressão psicológica. Estávamos nós separados por apenas uma mesa, nossas experiências e visões. Definitivamente não vivemos no mesmo mundo!
“Somos alienígenas” ele repetiu olhando a ossada de um macaco barbado, “somos invasores do mundo deles”.
Um argumento definitivo e, uma vez que o Paul (o beatle – é lógico) teve a coragem de cantar que ele não era metade homem do que costumava ser, acho posso assumir o sentimento de que somos um projeto incompleto: equipamento sem manual do usuário ou revolveres sem trava de segurança.
Alienígenas?
Com certeza.

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