“Somos alienígenas”, me disse assim a sangue
frio, sem qualquer chance de réplica. Me senti como o Bob Moore quando viu a
bola passar entre as pernas naquele drible absurdo do Tostão, o mesmo do qual
resultou um dos gols mais antológicos da história do futebol.
Conhecia o argumento e em outras ocasiões soube
muito bem como interpretar e debater, e para que você possa acompanhar o meu
raciocínio permita-me fazer algumas considerações:
- Aceitar a tese de que a vida veio de outros
planetas não resolve de forma alguma a questão da sua origem: apenas a
transfere para outro lugar.
- A discussão entre criacionistas e darwinanos
somente mascara o ceticismo destes e o sectarismo daqueles: acreditar em uma
força divina criadora não nos impede de querer aprender e compreender a obra de
Deus.
- Não vivemos no mesmo mundo do que as pessoas
do nosso bairro. Somos tão diferentes uns dos outros, que pelo menos
metaforicamente devemos aceitar os diferentes mundos, e o fato de que as
pessoas têm o direito de pensar de um modo desigual.
Para avançar neste último argumento vou contar
um pequeno causo: Jogava WAR com os
amigos de meu filho quando vi as mandingas de um dos meninos para ser bem
sucedido nos lançamentos dos dados, e os comentários dos outros de que com a
mandinga dele ninguém podia. Jogo WAR há anos e sempre encarei isto como um exercício
de estratégia, combinada com alguma matemática e um dedinho de pressão
psicológica. Estávamos nós separados por apenas uma mesa, nossas experiências e
visões. Definitivamente não vivemos no mesmo mundo!
“Somos alienígenas” ele repetiu olhando a ossada
de um macaco barbado, “somos invasores do mundo deles”.
Um argumento definitivo e, uma vez que o Paul
(o beatle – é lógico) teve a coragem de cantar que ele não era metade homem do
que costumava ser, acho posso assumir o sentimento de que somos um projeto
incompleto: equipamento sem manual do usuário ou revolveres sem trava de
segurança.
Alienígenas?
Com certeza.
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