sábado, 10 de novembro de 2012


WHO ARE YOU?

Uma cena antiga voltou a minha mente: em um filme sobre o Batman, o Coringa, interpretado pelo Jack Nicholson, pergunta “who are you?” Ao invés de “what´s your name?”. Parece uma besteira, mas são perguntas totalmente distintas.
Dizemos o nosso nome para nos definir como se ele tivesse a capacidade de encerrar todas nossas qualidades, podemos até acrescentar de onde vimos (o que em tempos idos criou sobrenomes como Silva: o que vem da floresta) ou o que fazemos (o que gerou tantos outros sobrenomes).
“Quem sou”, no entanto, ultrapassa as fronteiras das definições cotidianas. No máximo conseguimos traduzir nossas condições de transitórias.
Por outro lado, saber a história de meu próprio nome me levou a conclusões bastante interessantes sobre meu modo de ver o mundo, e me ajudou no processo de individuação.
Bem... isto bem depois do espanto causado na infância de ter um nome tão incomum. Sempre me perguntavam onde estava o barco, de qual canoa eu vinha, se tinha remadores na família, e mais tarde ao ingressar na carreira militar, quando eu seria promovido a motor de popa.
A singularidade do nome também trouxe vantagens, como a de nunca ter tido um apelido que pegasse, até pelo fato de muitas pessoas pensarem que Remo é um apelido. Aqui cabe lembrar duas gratas exceções: o pessoal do BEST, onde me orgulho de ter trabalhado me chama de Mr. Oar, e um colega de Guadalupe me chamava de pau-d’água: este não pegou pelo fato de que tenho um fraco por comida, mas quase não bebo e aquele devido a ser muito restrito aos amigos que curtem a língua de Shakespeare.
Noronha, me disse meu pai, é um dos nomes assumidos pelos novos cristãos, aqueles preferiram a pia batismal e o degredo para o quinto dos infernos à pena de morte. Ou seja sou um pouco hebraico.
Albuquerque, é de origem árabe, me ensinou meu irmão mais velho (que se chama Rômulo, o que também explica um bocado o meu nome), e significa domadores de cavalos brancos.
Para completar a mistura uma de minhas avós era cafuza. O que adiciona todas as raças brasileiras à minha formação.
Parece que estou fugindo do assunto central, mudando o foco para a outra pergunta fundamental: “de onde vim”, digo, todavia, que não há como rever uma pergunta sem arranhar à outra. Somos complexos e nem sempre sabemos “para onde vamos”.
Enfim, sou uma coisa e outras: bombeiro, professor, marido, pai, amigo e apaixonado com uma pontinha de loucura (mas isto não é vantagem para ninguém!)
E se você quiser tirar uma conclusão barata disto tudo posso resumir da seguinte forma: com a maioria dos brasileiros sou 100% vira-latas.

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