quinta-feira, 28 de junho de 2012


NARCISO


Via você de longe
Mas nunca lhe toquei
Até porque
Ninguém se toca de fato

Mas se algo lhe impede
De beijar meus lábios
Era transparente

Transparente como seus olhos
Olhos molhados
Molhados de sal e areia

Porém a prata que manchava sua mão
Tocou seus cabelos dourados
Então, toda prata se espalhava
Em sua prisão de vidro

Hoje já não lhe vejo
E você só vê uma imagem
Virtual
De alguém tão parecida
Com quem você já foi
Que nem você percebe
Que não é você
E só alguém com as mãos trocadas
Mas é tudo que você vê.

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