LADRÃO
DE CEBOLAS
“Há um menino há
um moleque...”
Para
tornar simples esta história vamos ao fato principal: um menino devolve
constrangido as cebolas que tinha pego no mercado logo após ouvir a seguinte
frase do segurança: “amigo tá na cara que você não precisa disto, você não acha
que é uma vergonha sem tamanho?”
Não
sei se nestes tempos “evoluídos” isto poderia ser aceitável. Há tantas
restrições no trato com as crianças, que no final das contas é capaz do
segurança ser mandado embora por injusta causa por não abordado o infante (ou
seria infame?) sem o acompanhamento de pelo menos um psicopedagogo, para
determinar como não traumatizar o coitadinho.
Mas,
isto era antigamente, e naqueles tempos até cascudo valia. E a tal falta de
vergonha na cara seria motivo de uma humilhação sem tamanho. Este caminho nos
formou, então vejo por aí (na maioria dos casos) gente de bem com a chamada
vergonha na cara.
Outro
dia, por exemplo, fui xingado de “Senhor Certinho”, como se isto fosse motivo
para me abalar. Assim tem sido, desde de que Rui Barbosa determinou que as
pessoas acabariam tendo vergonha de ser honestas, e olha que ele não fazia
idéia de a que ponto iríamos chegar.
O
fato é que um longo caminho nos moldou (isto é... alguns dos antigos!) de tal
forma que somos capazes de fazer esforços quase impossíveis para evitar dilemas
éticos.
Sei
que isto foi fruto de uma sociedade neurótica que em diversos caso nos leva a
preocupações que não passam de ilusões.
Mesmo
assim vamos lá qual é a alternativa? Uma criança fazer pirraça até ninguém mais
suportar e ter seus país como reféns? Ver uma criança bater na cara da mãe e
ficar por isso mesmo? Dizer aos quatro ventos que meu filho vai ter o que eu
não tive?
Não
sei se existe a palavra normótico, mas é isso que parece. Incomodar outros é
normal, tirar vantagens também, atropelar valores, idem. Assim vamos educando
filhos para a selva, um lugar onde cidadãos têm que se esconder atraz de
grades.
Bem,
me parece que estou na contra-mão pois os meus têm que ter alguém para dizer
não na mesma medida. Peraí gente, é claro que não sou favorável a bater até
confessar, jogar duro não quer dizer ser desleal, não importa se o juiz tá
vendo ou não.
Quanto
a isto posso dizer que tive um grande exemplo. Minha velha me comandava com o
olhar. Eu sabia se podia aceitar o bolo ou não só pelo jeitão dela. Imaginem,
então quando me chamava no canto e ela levantava o dedo... Não acredito que eu
errava só para irritar ela, crianças não deveriam ser assim, só que as vezes
isto acontecia.
No
cômputo geral fiz uma série de besteiras na minha vida, mas desde que fui
apanhado por aquele segurança, penso duas vezes para saber se não corro o risco
de passar vergonha.
Não
se trata de honestidade, mas de vergonha: o fato é que nunca mais roubei
cebolas.
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