segunda-feira, 9 de julho de 2012


Tum, tum, tum. 
Conforme o carro andava na estrada, um verdadeiro tapete, podia se ouvir.
Tum, tum, tum, tum.
 O som persistente aumentava a freqüência, conforme o carro acelerava.
Auto-estrada, pneus novos, balanceados, calibrados com nitrogênio, rodas metálicas novinhas, o som persistente não vinha do contato com o chão. O cambio entrava macio, os pedais perfeitos, a temperatura ta legal, a latinha de lixo vazia, nada fora do lugar. Mas, que droga! O que poderia ser desta vez? Não fazia sentido, esta porcaria (ih! Desculpa Possante prometi nunca mais te tratar assim... perdão, perdão e perdão). Só que é chato, afinal te trato tão bem, faço tudo para que nada dê errado.
Tum, tum, tum.
Não tem jeito, tenho que parar no posto de gasolina. A mulher vai reclamar... já sei, vou reabastecer para disfarçar.  Ok, Possante, não tem nada aqui fora, pelo menos não aparentemente, bem vou fingir que algo caiu no chão para olhar por baixo...
Nada.
Bem, foi nesse pedacinho mesmo que aquele safado do vizinho te arranhou passando a chave.  Cara! Se eu tivesse uma provinha só que foi aquele... Processava, não eu matava. Tudo bem aquele lanterneiro faz maravilhas, nem parece que foi arranhado.  Não sei o que há. Vambora. O pior de tudo é ir no Marco e ouvir a velha  gracinha: “repimboca de novo doutô?”. É lógico que ele prefere os mané que deixam serviços grandes para ele ter um tremendo lucro. Se eles ao menos soubessem o quanto a mecânica preventiva faz economizar no fim das contas.
Tum, tum.
É seja lá o que for não parou.
Tum, tum, tum.
Vamos nós mais uma vez.
- Vou parar de novo, esqueci de ir no banheiro.
-Mas, meu bem, por que você não foi no outro posto? A gente vai atrasar!
Beleza! Este posto tem elevador vou ver o que tem por baixo.
Nada.
Estrada.
Tum, tum, tum.
Bicho, vou enlouquecer!
Exercitando sua invisibilidade, Emilia sempre dá um jeito para ficar encolhida atrás do banco do motorista, ali nem a mãe a percebe, e ela está fora do alcance do espelho convexo que custou muito mais do que sua boneca de pano, sua xará.
Moedinha de um centavo na mão a bater na lataria lateral no mesmo ritmo  daquele carro horroroso. Hoje o pai finalmente ouvia.

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