segunda-feira, 10 de setembro de 2012


MAIS UMA VEZ O TEMPO
“Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente”
Chico Buarque
Cronos era um devorador de almas, devorava a beleza, a força física, o prazer do amor e até os cabelos. Cronos soube que um de seus filhos iria destroná-lo, então decidiu engoli-los um a um. Para quem já sabia ou acabou de desconfiar, é isto mesmo Cronos, o mais poderoso dos titãs, era ninguém menos do que o tempo.
Acredito que minhas queridas professoras de meu (inacabado) curso de letras já devem estar preocupadas com a coesão e coerência de um texto que mais adiante irá se propor a falar de filmes infantis, pelo menos este parágrafo não tem qualquer ligação aparente com o anterior e também não vai ter qualquer ligação com o próximo. (ou seja, meninos não me tenham como exemplo de redação sob o risco de uma nota redondíssima)
O fato é que tenho cada vez mais aberto mão de ver filmes ditos adultos para curtir os infantis, em especial aqueles com as moderníssimas técnicas de animação, ou outros cujos efeitos especiais simplesmente estonteantes.
Então o que eles têm a ver com o tal do tempo?
Eles demoram um bocado para sair do forno, algo raro nos nossos dias em que a velocidade e a pressa nos obrigam a ter sempre soluções no máximo razoáveis em prazos fatais cada vez mais curtos.
Tenho um amigo que define isto com perfeição: a melhor parada militar não serve de nada se estiver pronta em oito de setembro. Só que nem tudo deveria ser assim. Deveríamos nos dar tempo para obter resultados de excelência de quando em vez, para que Cronos não nos devore no lugar comum do tanto faz e tanto fez.
Há muito tempo tinha o prazer de passar em frente ao velho cinema de meu bairro, lá no Rio para me divertir com os cartazes das pornô-chanchadas, sempre combinadas com filmes de caratê. Os títulos faziam parte do que iríamos usar para mangar dos colegas durante os próximos sete dias. Hoje quando a TV invade nossos lares com programas de pura violência e promiscuidade, me parece que a brincadeira, finalmente perdeu a graça.
Na contra-mão (e graças a Deus) passam filmes infantis cada vez mais interessantes. Espero, então que as técnicas de animação permaneçam difíceis de dominar por mais um bom tempo (olha ele aí de novo!), fazendo com que estas obras de arte permaneçam tão bem cuidadas por muito tempo (não disse?).
Mas se é para citar alguma obra infantil, permitam-me mais uma vez lembrar do campeão: “foi o tempo que gastaste com a tua Rosa que a fez tão importante” (bem, se a citação não é exatamente esta me desculpem, pois estou sem tempo para revisões!).    

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