MAIS UMA VEZ O TEMPO
“Preciso
não dormir até se consumar o tempo da gente”
Chico Buarque
Cronos era um devorador de almas, devorava a
beleza, a força física, o prazer do amor e até os cabelos. Cronos soube que um
de seus filhos iria destroná-lo, então decidiu engoli-los um a um. Para quem já
sabia ou acabou de desconfiar, é isto mesmo Cronos, o mais poderoso dos titãs,
era ninguém menos do que o tempo.
Acredito que minhas queridas professoras de meu
(inacabado) curso de letras já devem estar preocupadas com a coesão e coerência
de um texto que mais adiante irá se propor a falar de filmes infantis, pelo
menos este parágrafo não tem qualquer ligação aparente com o anterior e também
não vai ter qualquer ligação com o próximo. (ou seja, meninos não me tenham
como exemplo de redação sob o risco de uma nota redondíssima)
O fato é que tenho cada vez mais aberto mão de ver
filmes ditos adultos para curtir os infantis, em especial aqueles com as
moderníssimas técnicas de animação, ou outros cujos efeitos especiais simplesmente
estonteantes.
Então o que eles têm a ver com o tal do tempo?
Eles demoram um bocado para sair do forno, algo
raro nos nossos dias em que a velocidade e a pressa nos obrigam a ter sempre soluções
no máximo razoáveis em prazos fatais cada vez mais curtos.
Tenho um amigo que define isto com perfeição: a
melhor parada militar não serve de nada se estiver pronta em oito de setembro.
Só que nem tudo deveria ser assim. Deveríamos nos dar tempo para obter
resultados de excelência de quando em vez, para que Cronos não nos devore no
lugar comum do tanto faz e tanto fez.
Há muito tempo tinha o prazer de passar em frente
ao velho cinema de meu bairro, lá no Rio para me divertir com os cartazes das
pornô-chanchadas, sempre combinadas com filmes de caratê. Os títulos faziam
parte do que iríamos usar para mangar dos colegas durante os próximos sete
dias. Hoje quando a TV invade nossos lares com programas de pura violência e
promiscuidade, me parece que a brincadeira, finalmente perdeu a graça.
Na contra-mão (e graças a Deus) passam filmes infantis
cada vez mais interessantes. Espero, então que as técnicas de animação
permaneçam difíceis de dominar por mais um bom tempo (olha ele aí de novo!),
fazendo com que estas obras de arte permaneçam tão bem cuidadas por muito tempo
(não disse?).
Mas se é para citar alguma obra infantil,
permitam-me mais uma vez lembrar do campeão: “foi o tempo que gastaste com a tua Rosa que a fez tão importante”
(bem, se a citação não é exatamente esta me desculpem, pois estou sem tempo
para revisões!).
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