SOBRE PADRES, PASTORES E CASAIS
O
que relato agora não seria possível em Dublin da época de James Joyce. Ocorreu
não faz muito tempo e bem aqui em Carmo. Tratou-se do concorrido casamento de
Elaine e Leonardo. Evento no qual tive, junto com minha família, a honra de
comparecer.
Muitos
fatos agradáveis poderiam ser citados: o grande estilo da festa, a escolha de
belas músicas (por sinal muito bem executadas), a presença de amigos e
parentes, a beleza da igreja... Mas, o que mais chamou a atenção foi a
elegância com a qual o padre Jorge recebeu o pastor da igreja luterana, que fez
uma bela fala que lembrando que uma mais um é mais do que dois.
Se
já disse isto, peço perdão pela repetição: se há algo de belo em nosso país é a
nossa vocação para a tolerância. Não digo que não tenhamos preconceitos, pois
os temos de sobra. Todavia, só no Brasil um árabe pode ter uma loja ao lado de
um israelita sem que eles pensem em como se matar mutuamente a cada dia.
A
própria Igreja Nossa Senhora do Carmo tem uma disposição arquitetônica incomum.
Pois havia uma regra (dessas que nunca foram escritas) de que os escravos não
podiam passar da torre (pelo menos assim me disseram). Então, esta repousa
majestosa nos fundos, permitindo que todos comparecessem as missas.
Um
jeitinho brasileiro, no final das contas, resolveu mais um problema insolúvel.
Digo que neste caso que não há nada de pejorativo no diminutivo de jeito e
muito menos em ser brasileiro, pois assim somos: pessoas capazes de resolver de
problemas incríveis.
Por
falar em igreja, a primeira cisão desta ocorreu justamente pelas mãos de
Lutero, então a presença de um pastor luterano em uma igreja católica só me faz
pensar em re-união e, também de um modo profundo a beleza da religião que em
seu sentido primário significa re-ligar.
Deus
nos fez diversos, mas tenho certeza de que Ele nos quer tolerantes e unidos e
este também é o meu desejo para o belo casal.
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