domingo, 23 de setembro de 2012


SOBRE PADRES, PASTORES E CASAIS

O que relato agora não seria possível em Dublin da época de James Joyce. Ocorreu não faz muito tempo e bem aqui em Carmo. Tratou-se do concorrido casamento de Elaine e Leonardo. Evento no qual tive, junto com minha família, a honra de comparecer.
Muitos fatos agradáveis poderiam ser citados: o grande estilo da festa, a escolha de belas músicas (por sinal muito bem executadas), a presença de amigos e parentes, a beleza da igreja... Mas, o que mais chamou a atenção foi a elegância com a qual o padre Jorge recebeu o pastor da igreja luterana, que fez uma bela fala que lembrando que uma mais um é mais do que dois.
Se já disse isto, peço perdão pela repetição: se há algo de belo em nosso país é a nossa vocação para a tolerância. Não digo que não tenhamos preconceitos, pois os temos de sobra. Todavia, só no Brasil um árabe pode ter uma loja ao lado de um israelita sem que eles pensem em como se matar mutuamente a cada dia.
A própria Igreja Nossa Senhora do Carmo tem uma disposição arquitetônica incomum. Pois havia uma regra (dessas que nunca foram escritas) de que os escravos não podiam passar da torre (pelo menos assim me disseram). Então, esta repousa majestosa nos fundos, permitindo que todos comparecessem as missas.
Um jeitinho brasileiro, no final das contas, resolveu mais um problema insolúvel. Digo que neste caso que não há nada de pejorativo no diminutivo de jeito e muito menos em ser brasileiro, pois assim somos: pessoas capazes de resolver de problemas incríveis.
Por falar em igreja, a primeira cisão desta ocorreu justamente pelas mãos de Lutero, então a presença de um pastor luterano em uma igreja católica só me faz pensar em re-união e, também de um modo profundo a beleza da religião que em seu sentido primário significa re-ligar.
Deus nos fez diversos, mas tenho certeza de que Ele nos quer tolerantes e unidos e este também é o meu desejo para o belo casal.

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