sábado, 29 de setembro de 2012


RIMAS FÁCEIS

“O nosso amor não vai deixar de rolar
nem fugir nem ser tema de livro...”

            Fui convidado a um sarau, palavra antiga que abre um espaço para dar voz a poetas.
Éramos três e, os outros dois me ofereceram a maior saia justa de minha vida no que se trata de falar em público, pois não há como competir em charme, elegância e desenvoltura com o Seu Jairo o Seu Rui. A poesia escorre dos poros deles, elas fluem entre calangos e canções, espalham doçura aos corações.
            Não sou um desistente: sobrevivi, mais uma vez. O problema é que meus textos nascem sofridos, há tempos não sei escrever quadrinhas; mas assumo que rezei por uma inspiração: devolvam minhas rimas fáceis, permitam-me os calafrios!
            Queria que cada um de meus versos não fosse um parto doloroso, uma amputação. Queria ser novamente capaz de tirar um sorriso das flores que passam nas janelas, como eles habilmente fazem.
            De qualquer forma meus amigos me devolveram o chão. Um lugar firme para me apoiar e olhar para cima, onde do alto das torres ebúrneas de meus sonhos reinam os poetas populares.

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